Não me imaginava fazendo outra coisa. Mas tinha dois livros arquivados. Um quase finalizado e um “abandonado” no meio. Não conseguia concluir. Simplesmente não conseguia. ‘O que está acontecendo comigo?’. Escrever sempre foi minha paixão, desde criança. Lembro-me bem de escrever livros inteiros, istórias completinhas, em cadernos inteiros, e depois de ler, jogá-los fora. Nunca estava bom o suficiente. Para quem? Por quê? Durante a terapia, fiz um “teste vocacional”. Não sei se é bem assim que o chamam, mas o princípio é basicamente esse: descobrir as coisas para as quais eu tinha aptidão, já que não me identificava mais como jornalista e estava ‘bloqueada’ nos meus projetos pessoais. Depois de meses, este teste foi unido a uma infinidade de conversas que já tinha com a psicóloga e juntas descobrimos que isso não era só no jornalismo. Para explicar melhor, qualquer atividade que me desse pra fazer eu daria 100% de mim e realizaria para provar pra mim mesma que era capaz. E, lentamente descobri o motivo. Ouvi muitas vezes, quando era criança, que era burra, que nunca seria nada na vida, que seria uma eterna dependente. (Um alerta aos pais) Cresci com aquilo no meu inconsciente. Já estava tão enraizado em mim que já fazia parte da minha personalidade: “Eu preciso provar que sou capaz, que sou inteligente, que não preciso de ninguém…” quanta bobagem! Então, como comecei a trabalhar cedo no que eu acreditava que era pra mim, aquilo virou Kassia, e não o trabalho de Kassia. Tentei me desvincular disso algumas vezes: fazendo cursos em áreas diversas, trabalhando em áreas diversas. Mas o hábito de querer ser a melhor do curso ou do trabalho não me deixava em paz. E quando eu falhava, ainda que em um ponto mínimo, me culpava e culpava. E tentava resolver fazendo melhor ainda.
E hoje, quando me perguntam: quem é você, respondo: sou uma mulher se descobrindo. Estou descobrindo o amor próprio, a fé, o que realmente merece valor ou não, trabalhando com o que gosto neste momento, mas que não tem medo de mudar de ideia amanhã e tentar uma coisa nova. Não preciso agradar ninguém, provar nada para ninguém. Preciso viver, amar, ser feliz. Agradecer todos os dias pela oportunidade de descobrir as raízes cedo e cortá-las. Não é um processo fácil. Não vou negar. Mas vale cada segundo. Para evitar isso, faço um alerta aos pais e educadores: Não façam isso com as crianças. Não menosprezem seus talentos, não enfatizem suas limitações. Cada ser humano é diferente e cada um “digere” essas coisas de maneira diferente. Ensine seu filho a encontrar seu próprio caminho e ser feliz, e não para satisfazer os outros ou a você. A felicidade é uma coisa tão boa, mas não existe fórmula secreta para encontra-la. Por favor, não atrapalhe o percurso dos outros.