Na vida existem momentos que parecem que estamos bloqueados emocionalmente, a vida amorosa desmorona, ou sequer existe.
Relações passageiras ou frustradas, decepções amorosas em cima de decepções. Parece que passamos a colecionar encontros fracassados.
Ninguém parece se encaixar ou ser o suficiente para o que desejamos naquele momento. Depois vem o momento introspectivo, resolvemos nos fechar, dar um tempo das noites frustradas e decidimos que o amor realmente não é prioridade naquele momento.
Este movimento pode ser importante para o seu autoconhecimento. Na verdade, todas as etapas anteriores também foram.
Acontece que amar está muito relacionado com definir as prioridades, não só do que é importante em termos práticos na vida da gente, mas a prioridade a quem cedemos espaço na nossa vida.
Por vezes, somos tão invasivos e inconscientes com nós mesmos, que deixamos que qualquer um entre e assuma o poder na nossa vida.
Poder de nos desestabilizar emocionalmente, de nos entristecer, de apontar as nossas falhas e fracassos, de nos fazer sentir como não merecedores de amor.Nós abusamos tanto de nós que vivemos em um ciclo sem fim, não há poder de escolha, qualquer um que se apresente como o mínimo agradável faz ressurgir a esperança de encontrar aquele amor que outrora sonhávamos deixamos entrar.
O significado das palavras se tornam confusos, amor se relaciona com dor, assim como afeto, paixão e carinho. Nós nos pegamos perdidos nos nossos conceitos e na forma que nos posicionamos no mundo. É por isso que apontei o momento introspectivo como muito importante, embora os outros momentos também sejam, eles que nos conduzem ao momento de reflexão.
Por favor, não entenda introspecção como fechar-se para o mundo, para o amor e decidir que tudo dessa esfera afetiva seja muito sombrio para se ter contato. Assim é o mesmo movimento inconsciente, mas de outra forma, outro mecanismo de defesa para não se entender consigo mesmo.
A introspecção de que estamos falando assume o sentido de olhar para dentro, entender o motivo pelo qual se abusa tanto e se coloca em situações desnecessárias.
Fazendo isso, é possível sair do piloto automático. A escolha assume a primeira vez um lugar de liberdade.
Todos temos um motivo profundo para nos maltratar no amor ou em qualquer área da vida. O problema que este motivo é raramente entendido e saímos, por aí, nos atropelando e atropelando o outro que na nossa vida entra.O amor só acontece mesmo quando temos liberdade de escolha, quando não nos relacionamos por sintoma, simbiose, medo ou carência. Se nós nos ligamos por estes vínculos disfuncionais é impossível olhar para o outro tal como ele é, e também é impossível não nos sabotarmos na relação porque não nos relacionamos com o outro de um modo que não é superficial.
Encontrar o amor da sua vida não depende da experiência e intimidade com várias pessoas, como se fosse um processo de seleção, depende da experiência e intimidade consigo mesmo, para que a primeira pessoa a ser escolhida na relação seja sempre você.