Há nove meses, achávamos que conhecíamos o amor na sua mais complexa amplitude. Há nove meses, pensávamos que a felicidade plena nos acompanhava em nossa jornada. Há nove meses, estávamos completamente sozinhos, perdidos e errados.
Hoje, nove meses depois, somos aquilo que sonhamos: pais. Nossa vida não é nada tranquila. Na verdade, corremos do nascer ao findar de cada dia. Nossa rotina, passou a ser a dos nossos filhos. Nossa agenda, um encaixe ou outro entre os compromissos deles.Substituímos a individualidade pelo bem-estar coletivo. Ensinamos e reaprendemos o significado da palavra consenso. As noites ficaram mais curtas. A cama recebe, vez ou outra, um intruso durante a madrugada. As refeições, bem mais saudáveis que as de antes, são turbulentas e animadas.
Hoje, nove meses depois, aprendemos o verdadeiro significado do amor. Vimos que ele pode ser dividido entre filhos e, mesmo assim, ser absurdamente imensurável.
Percebemos agora, nove meses depois, que a felicidade está nas pequenas coisas, nos pequenos gestos. Que ela não custa caro. Ao contrário, em sua simplicidade, ela nos lota totalmente, em todos os instantes, até nos dias nublados e mais difíceis.
Hoje, nove meses depois, estamos juntos, vinculados, unidos. Hoje, não importa tanto o passado, os momentos não vividos, as primeiras vezes que deixamos de desfrutar. Hoje, nós nos reencontramos, nos reinventamos, renascemos. Ainda erramos, mas acertamos muito mais.
Somos pais de meninas e de menino. De crianças e de mocinha. Somos pessoas diferentes, melhoradas, infinitamente mais evoluídas. Somos eternamente gratos por termos sido adotados, por nossos filhos terem nos permitido sermos seus pais, por Deus ter lhes mostrado o verdadeiro caminho de casa, enquanto estávamos perdidos.
Não concebemos vocês. Não os gerei eu meu ventre. Não senti as dores do parto. E isso, nada nos importa.