NUNCA SE ESQUEÇAM DO QUANTO VOCÊS JÁ LUTARAM PARA FICAREM JUNTOS!
Caso ainda haja dignidade, caso exista amor – mesmo ali
escondidinho -, sempre valerá a pena tentar e tentar, porque amor
recíproco é um sentimento mágico, capaz de trazer luz às escuridões mais
dolorosas que existem. Amor não morre de uma hora para outra, não se
for de verdade.
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Quantos casais em crise, amantes em dúvidas, namorados afastados, não
sofrem diante do dilema se vale a pena ou não permanecer, voltar ou
retomar a relação, se tentar é o mais acertado ou se desistir é a única
saída. Trata-se de um impasse terrível, uma vez que a tomada de decisão
implicará ou alimentar um sonho, ou abrir mão dele. E, qualquer que seja
a escolha, muita luta ainda haverá a ser travada.
Um conselho a que não se foge é evitarmos agir enquanto estivermos
tomados por uma carga muito intensa de emoções, como a raiva ou o ódio,
pois muito provavelmente falaremos o que não deveríamos e faremos o que
não condiz com nossa índole. Embora devamos usar esses momentos para
aparar as arestas e jogar limpo, tudo o que falarmos e fizermos de forma
puramente emocional poderá ultrapassar os limites da decência e da
ponderação necessárias.
Um de nossos maiores desafios será sempre tentar evitar do
arrependimento e do remorso, pois já acumulamos culpas desnecessárias
demais para somar mais estas ao rol de contrariedades que emperram nosso
respirar tranquilo. Para tanto, esperar a tempestade abrandar, para que
consigamos enxergar a situação com clareza, será o mais sábio e
prudente, em qualquer situação adversa que atravessarmos.
Será, sim, necessário, muitas vezes, darmos um tempo para ficarmos com
nada mais do que nossa companhia, analisando tudo o que vimos ou não
fazendo de nossas vidas, no sentido de refletirmos olhando o contexto de
longe, a uma distância segura e que nos proteja do outro e de nós
mesmos. Será preciso perceber o quanto de nossa dignidade ainda resta e
as reais chances de resgatarmos com vida e com afetividade sincera o que
se perdeu.
Trata-se de uma viagem de volta, dolorosamente necessária, aos lugares
por onde os parceiros já estiveram juntos, felizes, acreditando no
sentimento que nutriam, de verdade, um pelo outro. As noites insones ao
lado dos filhos, as juras de amor no banco do carro, os bilhetes, beijos
roubados, a força do sol se abrindo após os vendavais de suas vidas, a
força no aperto de mãos enquanto liam juntos exames médicos. Toda
história de amor é formada também por grandes histórias de dor,
lágrimas, escuridão e embates, desgastes, rupturas e cicatrizações
muitas vezes solitárias.
Não podemos fugir às lembranças das dores e das delícias, das ausências e
das presenças, da água e do vinho, da terra e do mar, enfim, de tudo
aquilo que já abalou a certeza amorosa, mas foi superado, vencido e
digerido em favor do amor que sentimos.
Caso reste dignidade, caso haja amor – mesmo ali escondidinho -, sempre
valerá a pena tentar e tentar, porque amor recíproco é um sentimento
mágico, capaz de trazer luz às escuridões mais dolorosas que existem.
Amor não morre de uma hora para outra, não se for de verdade. E bem
sabemos quando é esse amor que nos une ao parceiro – esse pelo qual
devemos incansavelmente lutar.