“Ser feliz não é um dom genético nem privilégio de uma casta social. Ser feliz é contemplar o belo, é fazer diariamente das pequenas coisas um espetáculo ao seus olhos. Quem não treinar sua emoção para contemplar o belo viverá uma vida miserável, ainda que seja socialmente invejado.” Augusto Cury
Conversando outro dia com uma amiga, falávamos como o tempo nos torna mais sutis. O quão somos mutáveis, e o que antes era automático ou instintivo, passa a ser despretensioso, observador e leve; com as experiências e depois de alguns tormentos que enfrentamos.
Num mundo em que a disputa por um destaque, mérito ou prestígio, reina, ousar tentar ser silêncio pode ser muito complicado. Num mundo de política volúvel e de diferentes ideais, se mostrar inerte, poder ser considerado covardia.
No entanto, quando arriscamos desvendar nossos próprios códigos, quando abusamos de nosso escuro interior, acabamos por encontrar a sagacidade para a maioria de nossas prisões.
Passamos a vida correndo, cancelando compromissos com familiares, adiando viagens de férias, acumulando horas sem dormir, discutindo ferozmente por nossas convicções. Simplesmente porque a vida pede, porque estamos inseridos neste infeliz sistema.Esquecemos da fragilidade de nossos corpos, anulamos nossas reais buscas. Ficamos tão automatizados em questões “concretas”, nos superficiais triunfos, nas réplicas “inteligentes”, que esquecemos quem realmente somos, ou sequer, fomos um dia.
Quando descobrimos que sentar à beira-mar e observar o horizonte traz a quietude que precisamos; quando entendemos que espiar um pássaro pousar no fio, enquanto esperamos numa fila de trânsito, traz paz.
Quando concluímos que fotografar flores e animais pelas ruas, dá energia para começar o dia, podemos entender a suavidade do “ser”.
O mundo pode ser cruel e ardiloso quando estamos presos por nossos cadeados de ilusórias satisfações e jogamos a chave fora. Cabe a nós sermos como o condor e alcançarmos as estrelas com a sabedoria de nossas próprias asas.Não existe genialidade completa sem delicadeza de pensamentos. Não existe inteligência implacável sem agudeza de espírito. Não existe realização pessoal sem brandura da alma.