E ela nem escolhe hora ou lugar, só aparece assim, invadindo inteiramente esse espaço que consideramos reservado às pessoas ou ocasiões especiais. Mas se existe saudade, é porque existem sementinhas de ternura plantadas em nós; pedacinhos de coisas boas, que talvez nem tenham ficado muito tempo, mas o suficiente para deixar um rastro, um sabor, uma marca, um perfume.
Outro dia, ouvi, com surpresa, alguém dizer que não é possível sentir saudade de pessoas que nunca vimos.
E como não? Que nome dar então a essa falta, esse vazio nostálgico, dolorido e bom que invade a alma e toma conta do momento?
Essa viagem que fazemos sem malas e documentos e que nos leva e nos trás, cheios de amor e de não sei o que?
A saudade é uma prova, um certificado, carimbado e assinado embaixo de que não estamos inteiramente sós e nem vazios.
As pessoas vêm e vão e ficam assim se prolongando em nós, existindo pela eternidade do nosso caminho.
E amanhã ou depois, quando tudo o que sobrar em nós forem pedaços do passado, teremos esse coração rico em histórias que nos farão rir sozinhos e nos sentir vivos.
São essas as peças que os verdadeiros amigos pregam ao nosso coração.
Aprendemos assim que sentir saudade é respirar o amor que plantaram em nós.
É viver depois repletos desse amor para a vida toda.