vida que pediu a Deus?”, a maioria responderia com um sonoro
não.
Lógico que alguém desempregado, doente ou que tenha
sido vítima de uma tragédia pessoal não estará muito entusiasmado.
Mas mesmo os que teriam motivos para estar – aqueles que possuem
emprego, saúde e alguma relação afetiva, que é considerada a
tríade da felicidade – também não têm achado muita graça na vida.
O mundo é habitado por pessoas frustradas com o próprio trabalho,
pessoas que não estão satisfeitas com o relacionamento que
construíram, pessoas saudosas de velhos amores, pessoas que
gostariam de estar morando em outro lugar, pessoas que se julgam
injustiçadas pelo destino.
Se formos espiar pelo
buraco da fechadura de cada um, descobriremos que estão todos
relativamente bem, mas poderiam estar melhor.
Por que não estão? Ora, a culpa é de quem?
A culpa é de tudo e de todos, menos nossa.
As pessoas possuem a vida que desejam. Podem
até não estar satisfeitas, mas vivem exatamente do jeito que
acham que devem.
Ninguém as força a nada.
A gente tem a vida que pediu, sim. Se ela não
está boa, quem nos impede de buscar outras opções?
É difícil interromper uma trajetória de anos e arriscar-se no desconhecido.
Família, amigos, opinião alheia nos conduzem ao acomodamento.
Somos os roteiristas da nossa própria história, podemos dar o final que
quisermos para nossas cenas.
Mas temos que querer de verdade.
Querer pra valer. É este o esforço que nos falta.
A mulher que diz que adoraria terminar o namoro, mas não o faz por que
acha que ainda ama aquela pessoa que a fere constantemente, no fundo não quer se separar.
O homem que diz que
adoraria trabalhar em outra atividade, mas já não é jovem
para experimentar, no fundo não quer tentar mais nada.
É lá no fundo que estão as razões verdadeiras que levam as
pessoas a mudarem ou a manterem as coisas como estão.
É lá no fundo que os desejos e as necessidades se confrontam.
Em vez de nos queixarmos, ganharíamos mais se nadássemos até lá embaixo
para trazer a verdade à tona. E então deixar de sofrer.