CCAC...Comunidade Católica Adoradores De Cristo
Deus não vai reduzir a doutrina dele para se adequar a você porque não é ele que tem que se adequar a você é você que tem que se adequar a vontade de Deus.
O meu agir revela a quem eu sirvo
Você é o resultado das suas escolhas
.
.
Não Oro para que Deus faça a minha vontade, mas para que eu me adeque a vontade dele.
Ore não por uma vida fácil, mas pra ter forças para aguentar uma vida difícil.
Não conte suas guerras para os outros, poucos vão querer te ajudar e a maioria só está curiosa.Conte suas guerras para Deus,ele te ajuda a vencê-las.
.
.
Quem sou eu
- Pedrinho
- Barra Bonita, sp, Brazil
- Observador/ Romãntico/ Apaixonado/ Apaixonar-se por Deus é o maior dos romances;Procurá-lo a maior aventura;encontrá-lo a maior de todas as realizações. Filho amado de Deus, sou apaixonado por Cristo. Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim. Eu sou de Cristo e Cristo é de Deus Sou sal da terra e luz de Deus no Mundo.Você pode dizer que sou um sonhador Mas eu não sou o único. Eu espero que algum dia você junte-se a nós E o mundo viverá como um só.
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sexta-feira, 7 de outubro de 2016
A Arte da Lentidão
Talvez precisemos de voltar a essa arte tão humana que é a
lentidão. Os nossos estilos de vida parecem irremediavelmente
contaminados por uma pressão que não dominamos; não há tempo a perder;
queremos alcançar as metas o mais rapidamente que formos capazes; os
processos desgastam-nos, as perguntas atrasam-nos, os sentimentos são um
puro desperdício: dizem-nos que temos de valorizar resultados, apenas
resultados.
À conta disso, os ritmos de atividade tornam-se impiedosamente
inaturais. Cada projeto que nos propõem é sempre mais absorvente e tem a
ambição de sobrepor-se a tudo. Os horários avançam, impondo um recuo da
esfera privada. E mesmo estando aí é necessário permanecer contactável e
disponível a qualquer momento. Passamos a viver num open space sem paredes nem margens, sem dias diferentes
dos outros, sem rituais reconfiguradores, num contínuo obsidiante,
controlado ao minuto. Damos por nós ofegantes, fazendo por fazer,
atropelados por agendas e jornadas sucessivas em que nos fazem sentir
que já amanhecemos atrasados.
Deveríamos, contudo, refletir sobre o que perdemos, sobre o que vai
ficando para trás, submerso ou em surdina, sobre o que deixamos de
saber quando permitimos que a aceleração nos condicione deste modo. Com
razão, num magnífico texto intitulado “A lentidão”, Milan Kundera
escreve: «Quando as coisas acontecem depressa demais, ninguém pode ter
certeza de nada, de coisa nenhuma, nem de si mesmo.» E explica, em
seguida, que o grau de lentidão é diretamente proporcional à intensidade
da memória, enquanto o grau de velocidade é diretamente proporcional à
do esquecimento. Quer dizer: até a impressão de domínio das várias
frentes, até esta empolgante sensação de omnipotência que a pressa nos
dá é fictícia. A pressa condena-nos ao esquecimento.
Passamos pelas coisas sem as habitar, falamos com os outros sem os
ouvir, juntamos informação que nunca chegamos a aprofundar. Tudo
transita num galope ruidoso, veemente e efémero. Na verdade, a
velocidade com que vivemos impede-nos de viver. Uma alternativa será
resgatar a nossa relação com o tempo. Por tentativas, por pequenos
passos. Ora isso não acontece sem um abrandamento interno. Precisamente
porque a pressão de decidir é enorme, necessitamos de uma lentidão que
nos proteja das precipitações mecânicas, dos gestos cegamente
compulsivos, das palavras repetidas e banais. Precisamente porque nos
temos de desdobrar e multiplicar, necessitamos de reaprender o aqui e o
agora da presença, de reaprender o inteiro, o intacto, o concentrado, o
atento e o uno.
Lembro-me de uma história engraçada que ouvi contar à pintora
Lourdes de Castro. Quando em certos dias o telefone tocava
repetidamente, e os prazos apertavam e tudo, de repente, pedia uma
velocidade maior do que aquela que é sensato dar, ela e o Manuel Zimbro,
seu marido, começavam a andar teatralmente em câmara lenta pelo espaço
da casa. E divergindo dessa forma com a aceleração, riam-se, ganhavam
tempo e distanciamento crítico, buscavam outros modos, voltavam a
sentir-se próximos, refaziam-se.
Mesmo se a lentidão perdeu o estatuto nas nossas sociedades
modernas e ocidentais, ela continua a ser um antídoto contra a rasura
normalizadora. A lentidão ensaia uma fuga ao quadriculado; ousa
transcender o meramente funcional e utilitário; escolhe mais vezes
conviver com a vida silenciosa; anota os pequenos tráficos de sentido,
as trocas de sabor e as suas fascinantes minúcias, o manuseamento
diversificado e tão íntimo que pode ter luz.